Carta à Embaixada de Honduras: exigimos investigações transparentes sobre o assassinato de Berta Cáceres e o pronto retorno de Gustavo Castro a seu país

À Embaixada de Honduras no Brasil,

É com o sentimento de indignação, revolta e muita tristeza que nós, organizações e movimentos sociais membros do Grupo Carta de Belém, recebemos a notícia do assassinato de nossa querida companheira Berta Cáceres, fundadora e coordenadora geral do Conselho Cívico Popular Indígena de Honduras (COPINH), no dia 03 de março, em “La Esperanza”, em Intibucá no sudeste de Honduras. A ação violenta e covarde que acometeu Berta também causou graves lesões ao companheiro Gustavo Castro Soto, membro da Otros Mundos A.C./Amigos da Terra México.

Repudiamos veementemente esta violência e exigimos que o governo de Honduras investigue com transparência este gravíssimo caso de atentado à vida de defensores dos direitos humanos e protetores do meio ambiente que dedicam sua vida à defesa dos povos indígenas e camponeses em seu território.

Exigimos que o governo de Honduras proporcione todas as medidas jurídicas e políticas que garantam a proteção imediata de Gustavo Castro Soto para que possa regressar sem contratempos ao México, seu país de residência. Assim como exigimos que o governo de Honduras se comprometa a garantir a proteção dos integrantes da COPINH e dos direitos dos povos Lenca que vivem uma escalada de repressão e violência por se oporem aos graves impactos promovidos pelas transnacionais instaladas em Honduras.

A comunidade brasileira está atenta aos acontecimentos e irá continuar monitorando o retorno de Gustavo a seu país, assim como as decisões que o governo hondurenho irá tomar para acabar com esta grande violência e atentado à democracia e aos direitos humanos.

Brasil, 07 de março de 2016

Grupo Carta de Belém

O Grupo Carta de Belém é uma articulação nacional brasileira formada pela Associação Brasileira de Estudantes em Engenharia Florestal (ABEEF), Amigos da Terra Brasil, ANA, ANAMA, CEAPAC, Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Central Única dos Trabalhadores, FASE, Fórum Mudanças Climáticas Justiça Social (FMCJS), Fundo Dema, Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), Jubileu Sul Brasil, Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), STTR-ST, Terra de Direitos e Via Campesina Brasil.