Com usina eólica na BA, Santander já soma 600 MW

Por Do Rio

Frederico Robalinho, da gestora de recursos Nova Investimentos, vendeu 40% da BW Guirapá I, com 170 MW de potência, para o banco por R$ 155 milhões

O banco Santander adquiriu uma fatia de 40% na BW Guirapá I, sociedade de propósito específico criada para construir e operar sete parques eólicos, num total de 170 MW de potência, no sul da Bahia. Os 60% restantes pertencem à Brazil Wind, subsidiária da Brazil Energy, holding controlada pelo fundo de private equity da gestora de recursos carioca Nova Investimentos.

A transação, concluída há um mês, incluiu uma operação de aumento de capital, na qual o banco se comprometeu a injetar até R$ 155 milhões na empresa, em duas fases. Até o momento, o Santander já desembolsou R$ 50 milhões. Apesar das participações desiguais, pelo acordo assinado entre as sócias, o controle da empresa será compartilhado.

O investimento total previsto nos parques é de R$ 630 milhões. Os sócios esperam obter entre o fim deste ano e o início de 2014 o montante de R$ 420 milhões de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Enquanto isso, as partes fizeram um empréstimo-ponte com o Bradesco.

Os parques venceram contratos no leilão de energia de reserva de 2011, ao preço de R$ 97,89 por megawatt-hora (MWh). Esse valor corrigido está em torno de R$ 109/MWh. Os projetos, cuja construção começou há pouco mais de um mês, estão previstos para entrar em operação em julho de 2014. A conexão com o sistema interligado nacional (SIN) depende de uma estação coletora da Chesf, prevista para entrar em operação um mês antes do parque.

Esse é o primeiro negócio feito entre as duas partes. “A linha da Brasil Energy casa muito com a linha do Santander”, afirma Luis Eduardo Rangel, superintendente executivo do Santander responsável por investimentos em energias renováveis.

Segundo ele, o Santander participa atualmente de projetos eólicos de 600 MW de capacidade em construção e que já possuem contrato de compra e venda de energia de longo prazo.

No início de agosto, o Santander colocou em operação o seu primeiro parque eólico, localizado no Ceará. O projeto, chamado Icaraí, feito em parceria com a Martifer, tem 16,8 MW de potência e faz parte de um complexo eólico de aproximadamente 95 MW de capacidade instalada.

Segundo Rangel, o Santander não tem uma meta estratégica a ser alcançada em médio prazo no setor eólico. Ele, porém, diz que “o apetite do banco para projetos de infraestrutura de energias renováveis é muito grande”.

Já a Nova Investimentos tem visão mais definida para a atuação da Brazil Energy. “Esperamos alcançar 850 MW de projetos em operação até 2020”, diz o diretor executivo da Nova Investimentos, Frederico Robalinho. Além dos parques eólicos, a Brazil Energy possui a termelétrica Termocabo, de 50 MW, em operação em Pernambuco. A usina tem contrato de compra e venda de energia com prazo de vencimento até 2024.

Tanto o Santander quanto a Nova Investimentos estão receosos com relação ao próximo leilão de energia de reserva, voltado para fonte eólica, marcado para sexta-feira. Além do aumento do rigor do governo com relação à produção de energia e à conexão dos parques com o sistema elétrico, a recente variação cambial vai impactar a compra dos equipamentos aerogeradores. Na avaliação dos dois executivos, o aumento do risco provocado por essas mudanças pode não ser comportado dentro do preço-teto fixado pelo governo, de R$ 117/MWh, para o leilão. (RP)

Leilão da hidrelétrica de Três Irmãos deve ficar para 2014

Por Rodrigo Polito | Do Rio

O leilão da hidrelétrica de Três Irmãos, previsto para ocorrer até setembro, pode ficar para 2014. Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, pode ser que o governo não tenha tempo hábil para realizar o processo. A usina foi devolvida pela Cesp, que não quis prorrogar o contrato de concessão de acordo com as regras da Medida Provisória 579 (transformada em lei 12.783).

“A ideia é fazer o leilão [ainda este ano], mas pode ser que não haja tempo hábil”, afirmou Tolmasquim, que participou ontem de seminário sobre desenvolvimento e sustentabilidade realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.

Com relação ao leilão de energia de reserva, voltado para a fonte eólica, marcado para sexta-feira, Tolmasquim afirmou que a expectativa do governo é “muito boa”. Segundo ele, apesar das críticas de investidores de que o preço teto, de R$ 117/MWh, é muito baixo e não contempla todos os riscos, o leilão é dinâmico e será um teste. Dependendo do resultado, o governo poderá aumentar ou reduzir o preço-teto nas concorrências seguintes.

“O preço que estamos dando agora foi mais alto do que temos dado ultimamente. E o que temos visto nos outros leilões é que ocorrem deságios enormes”, disse Tolmasquim.

O presidente da EPE explicou que a mudança de data do leilão A-3 (que negocia contratos com início de fornecimento em três anos), de 25 de outubro para 18 de novembro, foi necessária para dar mais tempo ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para fazer a análise do parecer de acesso à rede de todos os projetos inscritos.

Com relação ao segundo leilão A-5 (que negocia contratos com início de fornecimento a partir de cinco anos) deste ano, Tolmasquim explicou que a intenção do governo é licitar principalmente a hidrelétrica de São Manoel, de 700 MW, no rio Teles Pires, e a usina de Itaocara, de 145 MW, no Rio de Janeiro, cujo projeto foi devolvido recentemente pela Light e a Cemig.

“Pode ser que sejam leiloadas São Manoel, Itaocara e algumas outras usinas no Sul. Mas é mais certo leiloar São Manoel e Itaocara”, afirmou o presidente da EPE.

Principal aposta do governo para o leilão, São Manoel, porém, ainda não possui licença prévia ambiental, requisito essencial para que o projeto seja leiloado. Segundo Tolmasquim, as audiências públicas para o processo de licenciamento da hidrelétrica devem ocorrer em setembro.

Para o primeiro leilão A-5 do ano, marcado para 29 de agosto, a única hidrelétrica que será leiloada é Sinop, de 400 MW, no rio Teles Pires. Também participarão da concorrência projetos termelétricos a gás natural, carvão e biomassa. As eólicas não participarão do leilão A-5.